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Foto do escritorFala Driver´s

Uma década sem Jules Bianchi

Dez anos se passaram desde que o mundo da Fórmula 1 foi abalado pela perda do jovem francês, um dos talentos mais promissores de sua geração.

Jules Bianchi
Jules Bianchi - Fonte:Frederic Le Floc'h / DPPI

A TRAJETÓRIA DE JULES

Desde jovem, Jules parecia destinado a seguir o caminho de lendas do automobilismo. Nascido em 3 de agosto de 1989, em Nice, França, Jules Bianchi cresceu cercado pelo espírito do automobilismo. Seu avô, Mauro Bianchi, competiu na Fórmula 3, Fórmula 2 e campeonatos de endurance, e seu tio-avô, Lucien Bianchi, correu nas 24 Horas de Le Mans e na Fórmula 1. Com esse DNA de corridas, naturalmente o jovem se inseriu nesse universo, demonstrando um talento nato para a velocidade.


Sua carreira teve início em 2002, nos campeonatos de kart, onde permaneceu até 2006. Bianchi participou de campeonatos renomados, incluindo o Monaco Kart Cup e o Grand Prix Karting, conquistando títulos de destaque, como a Copa Campeones Trophy e o Asia-Pacific Championship Formula A. Esse período foi crucial para forjar suas habilidades, moldando-o como um dos talentos mais promissores de sua geração.


Da Fórmula Renault à Ferrari Driver Academy

Foi apenas em 2007 que Bianchi iniciou sua trajetória em carros de fórmula, competindo na Fórmula Renault Eurocup - onde conseguiu uma pole, uma volta mais rápida e a 22°colocação - e na Fórmula Renault Francesa - onde alcançou o primeiro lugar do campeonato, com cinco vitórias e seis pódios nas treze corridas da temporada -.


Nos dois anos seguintes, Bianchi subiu para a Fórmula 3 Euro Series, um passo essencial para aqueles que almejam a Fórmula 1. A sua performance foi o suficiente para chamar a atenção de uma das equipes mais tradicionais do automobilismo, Ferrari. Em 2009, Jules foi recrutado para a Ferrari Driver Academy, um programa dedicado a desenvolver futuros talentos para a equipe de Maranello.


Em 2012, Jules foi contratado para ser piloto reserva da antiga equipe Marussia F1 Team, e em 2013, fez sua estreia na primeira temporada como titular. Ele chegou a competir dezenove Grandes Prêmios mas, naquele ano, não teve a oportunidade de pontuar com seu Marussia MR02.


Foi no ano seguinte, no Grande Prêmio de Mônaco, que o francês conseguiu pontuar pela primeira vez, conquistando o nono lugar, marcando os primeiros – e únicos – dois pontos da história da Marussia.


O restante da temporada de 2014 trouxe, novamente, o habitual mau desempenho da equipe e o melhor resultado de Jules pós Mônaco, foi uma 14° colocação no GP de Silverstone, três corridas depois.


SUZUKA 2014

05 de outubro de 2014. No Grande Prêmio do Japão daquele ano, a história da Fórmula 1 mudou mais uma vez. Após 20 anos sem acidentes fatais na categoria, essa sequência foi interrompida em uma corrida chuvosa em Suzuka. A prova começou com o Safety Car liderando a largada e uma bandeira vermelha já na terceira volta das 53 previstas. Mais tarde, na volta 42, outro incidente ocorreu: o carro da Sauber, pilotado por Adrian Sutil, rodou e bateu na barreira de pneus, o que imediatamente provocou a sinalização de bandeiras amarelas.

Jules Bianchi JAPÃO 2014
Japenese GP 2014 - Fotógrafo:WRI2

O Safety Car e o Medical Car saíram rapidamente do pit lane, mas não para atender Adrian, cuja batida foi relativamente “lenta”. A verdadeira preocupação era com o piloto de número 17, Jules Bianchi, que havia perdido o controle do carro. Segundo as conclusões da FIA, Bianchi não conseguiu reduzir a velocidade a tempo na zona das bandeiras amarelas, e seu carro colidiu com o trator que estava na pista para remover o carro de Sutil. Antes do impacto, a telemetria de Bianchi mostrou que ele tentou ativar uma manobra de emergência, acelerando e freando ao mesmo tempo para desligar o motor, mas o sistema de seu Marussia não era compatível com essa medida de segurança na época.


A corrida foi interrompida com mais uma bandeira vermelha e, desta vez, não foi reiniciada. Jules foi levado de ambulância ao Hospital de Mie, onde permaneceu por dois meses e passou por uma cirurgia devido a uma grave lesão na cabeça, sendo colocado em coma induzido. Posteriormente, foi transferido para um hospital em Nice, onde permaneceu inconsciente até seu falecimento em 17 de julho de 2015.


O LEGADO BIANCHI E A DINASTIA FERRARI

Depois do trágico acidente, surgiu, mais uma vez, a necessidade de tornar a categoria mais segura para os pilotos. Foi então, em 2018, que a Fórmula 1 introduziu aos seus carros uma nova peça: o halo, que busca proteger os pilotos no cockpit de grandes impactos e já se mostrou fundamental várias vezes - como na batida de Max Verstappen e Lewis Hamilton no GP da Itália, em 2021, onde o britânico afirmou que a peça havia “salvado seu pescoço”.


Para honrar sua memória, a família criou a Fundação Jules Bianchi, que apoia famílias com parentes que sofreram lesões cerebrais, e o Hospital de Archet, onde Jules foi tratado em Nice. Seu pai, Phillipe Bianchi, afirmou que “É a única forma de fazer com que Jules ainda exista hoje”.


Além de contribuir para a segurança do esporte, Jules ainda é lembrado como uma das maiores jovens promessas da categoria. Quando faleceu, Bianchi traçava seus passos como piloto da academia de pilotos Ferrari, e pouco tempo após sua morte, o então presidente da escuderia italiana confirmou que o piloto francês herdaria o lugar de Kimi Räikkönen na equipe.


Somado a tudo isso, Jules era também, padrinho e patrocinador da atual promessa da equipe de Maranello: Charles Leclerc. O piloto monegasco se mostra, até os dias de hoje, muito apegado à memória de seu tutor e a semelhança entre os dois é, claramente, perceptível.

Charles Leclerc e Jules Bianchi
Charles Leclerc e Jules Bianchi - Foto: Reprodução GE

Em seu livro de contos, a repórter brasileira, Mariana Becker, comenta sobre: “Depois da morte de Ayrton Senna, a F1 mudou bastante e se tornou muito mais segura. Mas ninguém a 300 km/h está garantido. A prova foi a morte do francês Jules Bianchi, em 2015, após um acidente em Suzuka, no Japão. Poucos anos depois, surge Charles Leclerc, afilhado de Bianchi, que promete honrar o padrinho e conquistar o que ele não conseguiu. Para mim, chega a ser aflitivo como os dois se parecem. Há momentos em que chego a confundi-los”.


Mariana ainda completou, falando sobre o acidente fatal: “Os pilotos não falam de medo, não pensam muito nos riscos, na morte. Segundo eles, se refletissem demais, não correriam… Não há lugar aqui para quem vive pela metade. É por isso que os antigos ídolos continuam entre nós, no paddock, entre as equipes, nas curvas dos autódromos, na memória de cada um que vive o automobilismo”.

 

Escrito Por Giovanna Carvalho

Editado por Monique Mavillyn

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