Antecipando os destaques da primeira corrida no Bahrein, onde o desafio climático, das curvas de baixa e longas retas esperam ansiosamente pelos pilotos.
O Bahrein, uma das casas do automobilismo no Oriente Médio, é a porta de entrada da temporada, o que justifica ele ser um dos mais assistidos durante o campeonato mundial. "Reino dos dois mares", que significa a palavra "Bahrein" em árabe, é um pequeno Estado insular formado por um arquipélago de 33 ilhas no Golfo Pérsico, tendo fronteiras marítimas com o Irã ao nordeste, com o Qatar a leste e com a Arábia Saudita a sudoeste. A posição do país certamente é vulnerável quando regiões vizinhas estão em guerra, podendo impactar na logística de transporte de cargas para o GP e aumento dos custos para as equipes.
Apesar da localização frágil em relação a conflitos geopolíticos e suas relações com direitos humanos serem complicadas, a Fórmula 1 mantém contrato fechado até 2036.
Prestes a apagar as luzes do primeiro Grande Prêmio de 2024, é hora de entender como o Circuito Internacional do Bahrein (BIC) chegou ao calendário da categoria.
Livro aberto do Bahrein
Bahrein foi o primeiro país a receber a F1 no Oriente Médio. Não apenas motivado pelo interesse dos fãs em ouvir o som dos motores, presenciar pilotos audaciosos em busca da pole position e de um lugar privilegiado no pódio. A história começa um pouco antes, com o príncipe herdeiro Sheikh Salman bin Hamad Al Khalifa sendo um entusiasta do automobilismo e então presidente honorário da Federação de Automobilismo do Bahrein.
Fazer do país um dos locais para sediar uma corrida de F1 tornou-se um objetivo nacional, que levou à ordenação da construção de um circuito adequado, com financiamento de empresas de investimento apoiadas pelo governo.
Por trás da apreciação pelo o que a Fórmula 1 entrega nas pistas, há uma briga de gigantes empresários à procura de investir em eventos dessa magnitude, expandir sua influência no mundo, reter mais lucros e, de quebra, atrair mais fãs. Isso foi o que a Gulf Air, empresa de aviação, fez ao se tornar patrocinadora oficial da F1 desde o começo. Outra presença de peso é o fundo Mumtalakat que tem 56% e, portanto, o controle acionário de uma das equipes mais tradicionais do grid, a McLaren.
Além do ganha a ganha para os agentes do alto escalão dessa sociedade e também do recurso que trazem para a categoria e a FIA, são os pilotos e equipes que passam um certo perrengue ao enfrentar as características climáticas da região e da pista.
Até 2013, os GPs eram feitos em pleno à luz do dia. Imagine a sensação de estar numa região desértica, com seu carro a mais de 300km/h no asfalto recebendo um vento que levanta poeira por toda parte. Era isso o que eles sentiam. E até hoje sentem, só que menos. Nesse circuito, a aderência é um desafio e tanto, exigindo dos pilotos um gerenciamento mestre de seus pneus.
Não que essas reações do tempo tenham sido aniquiladas. No entanto, eles renovaram o layout do circuito e trouxeram holofotes por todo o traçado, colocando as corridas para o período noturno em comemoração aos 10 anos do GP em 2014. Com as temperaturas mais equilibradas, a participação do público aumentou e o alívio para aqueles que passam um pouco mais de 1h no cockpit foi consideravelmente significativo.
Mas, afinal, o que eles enfrentarão nesta primeira race week em um circuito de longas retas e freadas fortes em seguida?
Zoom in no circuito
O layout do BIC foi desenvolvido pelo arquiteto alemão Hermann Tilke. Ele já trabalha com a criação e modificação das pistas da categoria há trinta anos. O histórico Hockenheimring, Spa-Francorchamps, autódromo de Sochi e o palco do encerramento da temporada, Yas Marina, foram um dos emblemáticos circuitos feitos por Tilke.
O projeto do Circuito Internacional do Bahrein marcou a primeira incursão de Hermann Tilke no Oriente Médio. Para dar início ao processo, Tilke precisava encontrar o local perfeito, e após examinar cinco possibilidades no território, concluiu que a área de Sakhir, no coração da ilha principal do Bahrein, era a ideal. Isso porque permitia alguma variação na elevação da pista, um elemento crucial para desafiar os pilotos.
Inicialmente, o BIC não foi concebido especificamente para a Fórmula 1. Sua construção começou em 1999, e o convite para integrar o calendário da categoria só veio em 2002, quando Bernie Ecclestone concedeu ao circuito um Grande Prêmio, que estrearia em 2004. Isso ocorreu em meio a uma disputa por vagas no calendário, com eventos na Índia, Turquia e Rússia também buscando espaço.
Por essa razão, o circuito foi planejado para ser construído em três fases: a parte interna, ideal para corridas locais, seria a primeira; em seguida, o circuito exterior, com instalações adequadas para corridas de carros de turismo e GT; e, finalmente, a fase final veria todo o circuito do GP e instalações associadas serem concluídas.
Tilke projetou um circuito com várias retas longas, conectadas por trechos de velocidade média e lenta, valorizando um cenário com boa tração. Além disso, ele teve que considerar as condições particulares da superfície da pista. Lidar com as condições do deserto, que significam temperaturas quentes durante o dia e condições congelantes à noite, exigiria um asfalto especial. Da mesma forma, a pista teria de ser suficientemente aderente para as corridas, mas capaz de resistir a estas condições adversas.
O custo de construção do Circuito de Automobilismo do Bahrein foi de 150 milhões de dólares. Com todos os desafios de prazo, os quais eram curtíssimos uma vez que a primeira corrida foi adiantada em seis meses. Ou seja, haveria menos de um mês entre a entrega da equipe de construção e a realização do GP. Nessas condições, foi até um investimento relativamente baixo em comparação a outros circuitos também feitos por Tilke, como o de Yas Marina que beirou os 500 milhões de dólares.
Nesse GP, os 20 pilotos enfrentarão uma pista com extensão de 5.412km, 15 curvas e 57 voltas para chegar à bandeirada. Correrão em um dos asfaltos mais abrasivos da temporada, enquanto a pista – composta por curvas de baixa a média velocidade – coloca principalmente demandas de tração e frenagem dos pneus. O layout do BIC também requer um bom nível de estabilidade na parte traseira do carro. Portanto, o acerto do carro deve considerar todas essas características peculiares do circuito para chegar invicto até o final.
Para os que estão atrás do Pole Position, a curva 1, que tem seu nome em homenagem a Michael Schumacher, antecede a longa reta do circuito, sendo uma das principais regiões a oferecer ultrapassagens. Melhor ainda quando o DRS é liberado. Logo a frente está a sequência mais desafiante para os pilotos, as curvas 8, 9 e 10. Ao entrar lentamente na curva 8, imediatamente pisam no acelerador e aproveitam a segunda zona do DRS, que ao final aponta uma dupla curva (9 e 10) para a esquerda.
E lá está a curva 10, uma pedra no caminho para os drivers. Ela tem uma trajetória fechada em declive com inclinação para o lado de fora. Simplificando, um carro estável ao pegar essa curva evita a subviragem e torna mais fácil voltar à potência para a saída. Aqueles que não, bloqueiam a roda dianteira esquerda e pegam o caminho da brita. Não bastasse isso, sua entrada é o famoso ponto cego.
Após superar esse desafio, um momento de glória os aguarda à frente na rápida passagem pela curva 12-13, permitindo aos pilotos sentirem verdadeiramente seus carros ganharem vida, ao sair da curva 13 e explorar sua potência na reta. Com as três longas retas no BIC, as equipes buscam um equilíbrio entre velocidade final, tração e alto nível de downforce. Além disso, é claro, exige que os pilotos dominem os freios.
DADOS TÉCNICOS PELA PIRELLI
Antes de ir embora, dá uma olhada nesses acontecimentos que marcam a história do Grande Prêmio.
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