Madrugadas em claro, dobradinha da Mercedes, briga interna na Ferrari, tetracampeonato de Max Verstappen... A corrida de Las Vegas entregou muita emoção, e isso é inegável. Mas não há tempo para acalmar os ânimos! Nesta semana (29/01), já seguimos para a próxima — e penúltima — parada da temporada: Doha, Catar. Além da Fórmula 1, a cidade recebe também a Fórmula 2 e a F1 Academy.
O país transforma o Grande Prêmio em uma vitrine global, utilizando o evento como uma ferramenta de soft power para projetar sua imagem no cenário internacional, enquanto injeta bilhões em infraestrutura esportiva de ponta. Contudo, o brilho das pistas frequentemente contrasta com as críticas em torno de questões de direitos humanos e trabalhistas, reacendendo debates sobre o papel da Fórmula 1 em países com histórico controverso, envolto em complexidades éticas e geopolíticas.
Zoom in no Circuito
Direto do coração do Oriente Médio, em Doha, o Circuito Internacional de Lusail foi inaugurado em 2004. Com 5.419 km de extensão, uma zona de DRS e 16 curvas, o traçado combina retas de alta velocidade e seções técnicas, sendo palco de ultrapassagens emocionantes. No domingo, os pilotos enfrentam 57 voltas na corrida noturna.
Com um sistema de iluminação impressionante, Lusail é perfeito para eventos noturnos e já recebeu competições de alto nível, como a abertura da MotoGP e o Campeonato Mundial de Superbike. Originalmente projetado para motovelocidade, o circuito passou a receber também categorias como a WTCC (World Touring Car Championship) e a Fórmula 1.
Embora tenha estreado na F1 em 2021, o Catar realizou apenas duas corridas até agora, já que em 2022 a etapa foi pausada devido à Copa do Mundo. O contrato de dez anos com a Fórmula 1 garante que o GP permaneça até pelo menos 2032, colocando o Catar como um ponto estratégico para o crescimento do automobilismo no Oriente Médio.
Ainda não acabou...
Mesmo com o tetracampeonato já garantido por Max Verstappen, a temporada ainda reserva emoção. A disputa pelo título de construtores segue aberta, com a McLaren, líder desde a etapa do Azerbaijão, vendo a Ferrari encurtar a diferença. Em Las Vegas, por exemplo, a Ferrari somou 27 pontos contra apenas 15 dos papayas. Será que a McLaren vai segurar a vantagem? 👀
Coloca no Guinness!
O que você consegue fazer em menos de 2 segundos? Foi no Catar, no ano passado (2023) que a equipe da McLaren - e do Lando Norris - provou que não tava pra brincadeira e marcou o pit stop mais rápido da história, parando o carro em 1.80 segundos. Bizarro, né?
E isso não foi a única coisa boa que os papayas levaram naquele fim de semana. Na sprint, Oscar Piastri garantiu a sua primeira vitória na Fórmula 1 - mesmo que, estatisticamente, não conte, já que os dados das Sprint não são contabilizados nas estatísticas 🥲 - e no domingo, marcaram um pódio duplo com Oscar em segundo e Lando em terceiro. Aposto que eles querem repetir a dose dessa vez.
Clima tenso
Em região de clima árido — desértico —, o Grande Prêmio do Catar também é conhecido por suas altas temperaturas e tende a ser muito desgastante fisicamente para os pilotos. Durante a última etapa, Logan Sargeant abandonou a corrida porque estava passando mal e lamentou:
O principal é que Alex e eu estamos bem. Já vinha me sentindo mal durante a semana, o que não ajudou com a desidratação neste calor. A última coisa que eu queria era abandonar, mas precisei colocar minha saúde em primeiro lugar. Peço desculpas ao time por não conseguir terminar a corrida.
Além dele, George Russell afirmou que acreditava que ia desmaiar enquanto ainda pilotava; Lance Stroll passou por uma queda de pressão enquanto pilotava e pediu ajuda assim que parou seu carro; Esteban Ocon chegou a vomitar durante as voltas 15 e 16. A maioria dos pilotos expressou, visivelmente, o seu esgotamento físico após a corrida.
Comentando sobre o episódio, o fisiologista Fabiano Ribeiro afirmou que, mesmo para atletas de alta performance, como pilotos de Fórmula 1, o clima quente e úmido é um dos mais difíceis de se enfrentar:
Essa umidade, para o esporte, prejudica mais ainda a performance, dificulta a troca de calor, aumenta a temperatura corporal, então realmente é um clima não muito agradável para praticar esportes... Na Fórmula 1, vejo um agravante muito maior: o equipamento que os pilotos usam já proporciona um calor maior. O próprio cockpit do carro gera muito mais calor, eles estão muito próximos do piso, que emana uma irradiação maior, então deve ser uma situação até mais extrema que o futebol.
Dessa vez, a etapa vai acontecer em uma época supostamente mais agradável: o inverno catari. Com noites mais refrescantes, a amplitude térmica é maior e o clima, por consequência, mais seco. Torcemos para que, dessa vez, a temperatura não castigue os pilotos.
Hoje não, hoje não... hoje sim!
E no sábado, durante a última sprint do ano, alguns nervos ficaram à flor da pele: os dos papayas!
Lando Norris, que fez pole position na sexta, largou bem e manteve a liderança com tranquilidade. Durante a corrida, ele e Piastri — que também fez ótima largada — trabalharam com uma estratégia que protegia o 1-2 da equipe. Papaya rules, baby!
Mesmo com George Russell ameaçando chegar e tomar a posição do australiano, os pilotos conseguiram segurar as posições até a última curva — e foi aí que a situação mudou!
Norris, que liderou a corrida toda, diminuiu o ritmo, deixou o companheiro de equipe passar e cedeu sua primeira posição, dando mais uma vitória na Sprint do Catar para Oscar Piastri.
Na entrevista pós-corrida, Lando disse:
Foi mais apertado do que eu queria. Mas planejava fazer isso desde o Brasil. Era o que eu achava que era melhor. Era um pouco arriscado, a equipe me disse para não fazer, mas achei que poderia, e consegui.Honestamente, eu não me importo. Não estou aqui para ganhar sprints. Estou aqui para ganhar corridas e um campeonato, mas isso não saiu como planejado este ano. Fiz o melhor que pude e estou ansioso para amanhã.
Vale lembrar que esse “desde o Brasil” se refere, provavelmente, à troca que os pilotos fizeram durante a Sprint brasileira. Naquela situação, foi Oscar quem cedeu sua vitória para Lando, que ainda brigava pelo título de pilotos. Norris, então, estava “agradecendo” o companheiro pela ajuda na temporada. Fez certo?
Independentemente de posições, era exatamente disso que a McLaren precisava para começar um final de semana perfeito: uma dobradinha. Caso os pilotos repitam o feito na corrida principal, no domingo, a escuderia pode sair do Oriente Médio com o título do campeonato de construtores.
Mas, para isso acontecer, eles precisariam somar mais de 21 pontos em cima da Ferrari, e a Red Bull não poderia marcar mais do que 9. Matematicamente, é possível, mas será que na prática funciona? Vamos ter que esperar e ver... 👀
Antes de ir…
Alguns acontecimentos marcaram o Grande Prêmio do Catar.
Lewis Hamilton (2021) e Max Verstappen (2023) - e por consequência, a Mercedes e a Red Bull - estão empatados em número de vitórias no circuito: cada um com um triunfo.
O recorde de volta no circuito é de Max Verstappen. Que marcou 1:24.319 em 2023.
Verstappen também é o último vencedor da etapa, subindo no degrau mais alto do pódio em 2023. Oscar Piastri foi segundo e Lando Norris, terceiro.
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