Dizem buscar ser mais sustentável e melhorar a logística, mas parece estar visando o espetáculo.
Aprovado nesta terça-feira, 20/09, o calendário da Fórmula 1 terá pela primeira vez 24 corridas, trazendo de volta os GPs da China e do Catar. Apesar de ser empolgante para alguns acompanhantes do motorsports, a lista para 2023 está maior do que deveria e demonstra que certas causas que a F1 tem salientado nas mídias parece estar indo por água abaixo mesmo antes de ser implementada por completo.
Essa ideia não é de agora.
O Conselho Mundial de Automobilismo da FIA e a Liberty, juntamente com a direção da F1 sob comando do presidente Stefano Domenicali, vem propondo um aumento de Grandes Prêmios já faz uns anos. Em 2021, alguns pilotos levantaram suas posições sobre o aumento de corridas na atual temporada, a qual conta com 23 GPs. Sebastian Vettel foi um dos que questionaram a ideia e apontou dois pontos negativos que viu naquele momento, mas que continuam interferindo no calendário do ano que vem.
“Esta é apenas minha opinião e não vale a pena, mas acho que não deveríamos ter tantas corridas. Estou dizendo isso por vários motivos. Em primeiro lugar, talvez sejam muitas corridas para as pessoas verem. Se há tantas, não é mais algo especial”, disse ele à ESPN.
A outra questão está com aqueles que trabalham nos bastidores da F1, como os jornalistas, cozinheiros, mecânicos, engenheiros e todos os funcionários que chegam bem antes dos pilotos nos circuitos e depois têm que cuidar da transferência de todos os equipamentos e carros.
“Sinto pena da equipe. Nós, pilotos, estamos do lado bom: podemos chegar na quarta-feira à noite e partir. A equipe já está com muito mais estresse. Eles chegam na segunda ou no sábado da semana anterior, montam a garagem, deixam os carros prontos, aí eles têm que trabalhar a semana inteira e depois fazer as malas, despachar tudo de volta e realizar a preparação na fábrica. Para eles, é um trabalho em que você está ocupado todos os dias da semana e quase todos os fins de semana, então você não tem tempo para si mesmo e nem para a família”, concluiu.
No fim de 2021 o "Autosport" publicou uma carta aberta aos dirigentes, escrita por um mecânico que preferiu seguir no anonimato. Ele disse: "O que torna este trabalho extremamente extenuante é que não há como descansar, como se recuperar. Você sai de um avião, após um voo na classe econômica que pode ter sido horrível, sem conseguir dormir, e tem que trabalhar. A combinação de mudanças de fusos horários, voos em companhias baratas e trabalho até tarde deixou todo mundo quebrado após a sequência de corridas no México, no Brasil e no Qatar".
Além desses pontos, é de se questionar qual o caminho que a Fórmula 1 realmente quer seguir. A categoria tem mostrado não cumprir uma promessa feita sobre aproximar as corridas em regiões geográficas para reduzir o impacto ambiental. Não só isso, com o hype dos estadunidenses, onde teremos três corridas, a F1 tem enfatizado mais o espetáculo do que realmente a essência e valorização do motorsport.
Stefano Domenicali disse estar animado com o impulso que a categoria vem ganhando no mundo. “Estamos empolgados em anunciar o calendário com 24 corridas ao redor do planeta. Temos uma demanda sem precedentes para sediar corridas e é importante que tenhamos o equilíbrio certo para todo o esporte. Estamos satisfeitos com o forte impulso que a F1 continua experimentando e é uma ótima notícia que poderemos trazer aos nossos fãs apaixonados uma nova mistura de novos locais como Las Vegas.”
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