Foram 246 corridas, 84 vitórias, 78 poles, 153 pódios, 6 títulos mundiais e 3.949,5 pontos. Esses números, embora impressionantes, contam apenas parte da história de Lewis Hamilton com a Mercedes, a parceria mais vitoriosa entre piloto e equipe na história da Fórmula 1.
Após doze temporadas juntos, dominância de uma era híbrida e quebra de recordes o piloto britânico e os flechas de prata seguem caminhos diferentes. A partir de 2025, Lewis se junta à Scuderia Ferrari para iniciar - ou já ir se despedindo - um novo capítulo de sua carreira.
No topo do pódio
A primeira vitória com a escuderia alemã aconteceu ainda em 2013 - ano em que Lewis se juntou a equipe - no Grande Prêmio da Hungria, superando o veterano Kimi Raikkonen por dez segundos. Com 11 anos e 81 vitórias depois, Hamilton chegou na temporada de 2024 com um jejum de quase três anos sem vencer - foram 945 dias sem subir no degrau mais alto do pódio, desde o GP da Arábia Saudita, em 2021 -.
Foi em Silverstone, na sua "home race", diante de sua torcida britânica em massa, que Hamilton finalmente quebrou essa sequência.
A vitória na Inglaterra de Lewis no GP de Silvertone de 2024 foi como um "abraço de conforto" depois de largar em segundo e ser favorecido pela estratégia inteligente da Mercedes. Naquele fim de semana, o britânico se emocionou, dizendo:
Não consigo parar de chorar. Desde 2021, todos os dias me levantando, tentando lutar, treinar, colocar minha mente na tarefa e trabalhar o máximo que posso com esta equipe incrível. Sou eternamente grato a todos na Mercedes, a todos nossos parceiros, a todos nossos fãs incríveis. Eu podia ver vocês volta por volta enquanto eu estava chegando, e não há sensação melhor do que terminar na frente aqui.
Apesar daquela corrida ter parecido ser a última vitória dele pela equipe, mais tarde na temporada Lewis também ganhou o GP da Bélgica, no tradicional circuito de Spa-Francorchamps. Na realidade, foi seu companheiro de equipe, George Russell, que cruzou a linha de chegada primeiro. No entanto, após a corrida, o carro de Russell foi desclassificado devido a irregularidades no peso. Com isso, Hamilton, que havia terminado em segundo, acabou “herdando” a vitória.
Pilotos e construtores
É impossível falar de Lewis Hamilton sem pensar em títulos. Dos sete do heptacampeão mundial, seis foram conquistados junto a Mercedes. Além disso, durante o período do piloto com a equipe, eles conquistaram também oito campeonatos de construtores. Foi um tempo sombrio para qualquer torcedor além dos mercedistas 😥.
O primeiro dos seis títulos veio em 2014, no início da era híbrida. Depois de quatro anos de dominância total de Sebastian Vettel com a sua Red Bull, era a vez da Mercedes entrar no jogo. Com 11 vitórias na temporada - contando com a primeira da história com pontos dobrados, em Abu Dhabi - Hamilton superou seu companheiro de equipe Nico Rosberg e garantiu seu bicampeonato, o primeiro com a scuderia alemã.
A partir dali vieram mais cinco: 2015, 2017-2020. E a Fórmula 1 passou oficialmente da era Red Bull para a era Mercedes - para depois entrar na era Red Bull mais uma vez -, depois do último título em 2020. No ano seguinte, as duas equipes foram protagonistas de uma das temporadas mais emblemáticas do esporte, levando a decisão para a última etapa, no GP de Abu Dhabi, onde Lewis chegou empatado em pontos com Max Verstappen. Mas foi superado pelo holandês depois de uma corrida polêmica, encerrando ali a dominância Hamilton x Mercedes.
Uma última vez
Por fim, Lewis entrou na sua Mercedes pela 246°e última vez na etapa de 2024 do Grande Prêmio de Abu Dhabi. A semana da corrida já começou em clima emocional, com a equipe postando homenagens em suas redes sociais: “Todo sonho precisa de um time. Nós vamos, para sempre, ser gratos por poder compartilhar essa jornada juntos, Obrigada Lewis… Cada vitória, cada título, cada momento. Lewis e Mercedes é um legado incomparável”.
Além disso, personalidades importantes da scuderia enviaram mensagens aos bons e não tão bons momentos compartilhados durante esses longos anos. George Russell fez um capacete em homenagem à parceria dos dois, com fotos de quando era criança, onde pedir um autógrafo ao piloto britânico, e anos depois, como companheiros de equipe. Russell ainda acrescentou: “É doido como o tempo voa, te vejo na pista Lewis”.
O chefe de equipe, Toto Wolff, também deixou suas palavras finais como “responsável” por Lewis após a corrida em Yas Marina:
Tivemos um momento este ano que todos sabíamos que chegaria: chegamos à última volta. A parceria mais longa e bem-sucedida da história da Fórmula 1, quem poderia imaginar isso quando começamos a jornada? É doido pensar que um garoto de Stevenage teve um sonho e que ele compartilhou sua jornada conosco na Mercedes… Agora você está abrindo um novo capítulo com a Ferrari, mas é importante te lembrar de uma coisa: encontre seu pessoal! Não só aqueles que trabalham contigo ou assinam o seu contrato, sabemos que isso é obviamente importante, mas encontre aqueles que sonham com você, lutam com você, que enxergam você, inclusive as partes que você não quer mostrar, aqueles que acreditam em você, mesmo quando você as vezes para… Seja o que for que o futuro reserva, lembre- se de que sempre seremos sua equipe, porque todo sonho precisa de uma equipe, você sabe disso. Se não pudermos vencer, que você vença. Se cuide meu amigo, nos vemos na pista e estamos realmente ansiosos por isso. Essa é a mensagem mais importante que já enviei.
E por último, Lewis também se emocionou ao se despedir no rádio, ainda na pista: “Sonhamos sozinhos, mas juntos acreditamos. Obrigada por toda a coragem, determinação e paixão, por me apoiarem sempre O que começou como um salto de fé se transformou em uma jornada para os livros de história. Fizemos tudo juntos e sou muito grato a todos. Do fundo do meu coração, desejo tudo de melhor. Amo vocês”.
A FIA - Federação Internacional de Automobilismo -, liberou que Hamilton participasse das comemorações que antecedem o pódio, mesmo que não chegasse entre os três primeiros. O britânico, que terminou em quarto sob as luzes de Abu Dhabi, se aproximou da linha de chegada e deu seus últimos “zerinhos” como piloto Mercedes, parou em frente a um totem personalizado para a sua despedida e foi ovacionado pela torcida quando saiu emocionado do carro, várias lágrimas foram derramadas do lado de lá - e do lado de cá também 🤐 - .
Depois dos testes pós temporada, que aconteceram nesta terça-feira (10), a temporada de 2024 está formalmente terminada e Lewis já pode ser chamado oficialmente “piloto Ferrari". A ida de Hamilton para a escuderia italiana marca o início da parceria do piloto mais vitorioso com a equipe mais vitoriosa da história da categoria.
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