Desde que o mundo é mundo, os embates geram personalidades duais que, em busca da vitória, rivalizam. No universo dos esportes, essa dinâmica é cotidiana. Pelé e Maradona, Jordan e LeBron, Hunt e Lauda são apenas alguns exemplos da colisão de lendas em busca do reconhecimento como os melhores.
Entretanto, foi em 1984, no Grande Prêmio de Mônaco, que um palco se preparou para o surgimento de forças antagônicas prontas para deixar um legado no esporte. Na ocasião, Prost, já consolidado, enfrentava uma jovem estrela ascendente, Ayrton Senna.
Largando em 13º, Senna, pela Toleman, ultrapassou piloto por piloto até alcançar Prost em sua McLaren. Sob uma chuva extrema, o brasileiro mostrou sua coragem e avançou para a conquista da primeira colocação. Quando todos acreditavam na vitória do estreante, Senna, a prova foi interrompida, e a classificação foi feita a partir da volta anterior, colocando Prost como o campeão do GP de Mônaco de 1984. A partir daquele dia, Prost e Senna travaram duelos nos maiores palcos do automobilismo, contracenando suas distintas, mas ao mesmo tempo complementares, personalidades.
A relação entre Ayrton e Alain foi afetada pela agressividade e emocional de Ayrton nas pistas, contrastando com a abordagem fria e racional de Alain, atingindo seu ponto máximo no GP de Suzuka de 1989. Naquele dia, em que os dois pilotos eram companheiros de McLaren, Senna ousou uma ultrapassagem no limite. Durante a 46ª volta, o piloto brasileiro tentou uma ultrapassagem por dentro na chicane, porém, Prost fechou a porta. Os carros colidiram, resultando na saída de ambos da pista.
Esse episódio resultou na divisão e fragmentação total da relação já desgastada dos dois pilotos, além das consequências imediatas, como a desclassificação de Senna. O ponto de maior reflexão de toda a situação de rivalidade extrema entre os dois atletas foi a alternância emocional de ambos. Prost era sim mais pragmático, frio e racional, mas nada disso o conteve em demonstrar a profunda revolta com o rival, culminando muitas vezes em situações extremamente emocionais. Senna era sim mais agressivo, arrojado e emocional. Mas nada disso o fazia menos preciso, frio e racional nos momentos mais decisivos de sua carreira, em que a explosividade não era a resposta.
A história conduz o presente; se não houvesse Senna e Prost, não haveria Max e Hamilton, Schumacher e Häkkinen. As 92 vitórias e 7 títulos que foram conquistados durante a disputa antagônica de Prost e Senna estarão sempre marcados como a força motriz da vinda de novas gerações do automobilismo. Suas batalhas elevaram o nível do esporte; fãs e pilotos se moveram na dança entre os dois, na qual a cadência das pistas e entornos era ditada pelo Rei da Chuva e pelo Professor.
Crônica absolutamente incrível!!