Do Pit Lane ao Pódio: Conheça 6 mulheres que estão transformando a Fórmula 1
- Fala Driver´s
- 8 de mar.
- 8 min de leitura
Se a frase “por trás de todo homem de sucesso, existe uma grande mulher” é vista como extrema para alguns, na Fórmula 1, ela não passa de uma realidade. Enquanto o que vemos nas transmissões nos traz a impressão de que o esporte simplesmente gira em torno das sessões com os carros em pista, fora dela, existem milhares de pessoas no backstage fazendo tudo acontecer, dentre essas, centenas de mulheres.
Nesse dia das mulheres, 08/03, nós da equipe Fala D’ trouxemos seis mulheres extraordinárias que, por trás das câmeras - ou na frente delas, rsrs… - transformam e melhoram a categoria à sua própria maneira todos os dias.
A mente brilhante por trás da Red Bull
O nome, ou o rosto, de Hannah Schmitz com certeza não lhe é estranho se você está acostumado a acompanhar finais de semana de corrida - ou se é, em especial, fã da escuderia austríaca -. A britânica se juntou à Fórmula 1 em 2009, quando, formada em engenharia mecânica, começou como membro do departamento de modelagem e estratégia da Red Bull.

Naquela época, ela era responsável pelos relatórios de desempenhos dos pilotos em testes, dados que mais tarde, ajudariam na orientação de corridas. Em 2011 foi promovida para o cargo de engenheira de estratégia, programando de maneira direta os comportamentos na corrida. Continuou com seu excelente desempenho e em 2021, finalmente chegou até a posição de engenheira-chefe de estratégia, onde permanece até os dias atuais.
Hannah construiu seu caminho até se tornar uma das personalidades femininas mais conhecidas pelos fãs de automobilismo. A engenheira esteve com a Red Bull e com participação direta em todos os seus campeonatos até aqui, sendo uma peça fundamental da hegemonia da escuderia nos últimos anos.
Durante a comemoração do dia internacional do engenheiro, promovida pela própria Red Bull, a britânica disse:
“O seu gênero não impacta na sua habilidade de estar aqui ou de realizar qualquer um dos trabalhos na Fórmula 1 ou em outras indústrias STEM - áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática -. Só porque você não vê alguém como você ocupando um cargo, não significa que você não possa estar ali”.
Não inventa, Mariana!
Jornalista, carismática e brasileira! Mariana Becker já é personagem conhecida para aqueles que acompanham as corridas pelas transmissões da Band. Formada em comunicação social e apaixonada pela escrita, por viagens e por esportes, “Mari” já se aventurou como navegadora e como piloto, e só se interessou pelo jornalismo esportivo quando recebeu um convite da Globo, no Rio de Janeiro, para substituir um repórter que estava viajando - depois dali, não parou mais: além da Fórmula 1, cobriu também campeonatos de surfe, o Rally dos Sertões em 2009 e chegou até a ser repórter nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016-. Foi a primeira mulher a cobrir o automobilismo no país e hoje já soma mais de 15 anos acompanhando a Fórmula 1 pelos quatro cantos do mundo.

Além de trazer sua visão das pistas, ela também traz sua visão do mundo através da sua escrita - nas suas redes sociais e no seu livro de crônicas, “Não inventa, Mariana”, lançado em 2022. Mari mostra que sempre teve muito interesse tanto em esportes radicais, quanto em histórias de mulheres e diz que o caminho é longo para termos mais mulheres na cobertura e no próprio esporte, mas que o cenário feminino é bem mais promissor do que quando ela iniciou sua jornada.
Para ela, o que falta nesse cenário é uma mulher piloto na Fórmula 1: “O fato de não termos é um belo exemplo de como ainda precisamos galgar um caminho bom pela frente”.
Radio check? Laura? Copy!
Para entrar na prateleira dos “primeiros” na história do esporte, Laura Müller foi anunciada, ainda na pré-temporada, como engenheira de corrida de Esteban Ocon, marcando a primeira vez que uma mulher ocupa esse lugar na Fórmula 1. Alemã, Laura se formou em engenharia mecânica na cidade de Munique e se juntou a Haas em 2022, quando trabalhou nos simuladores da equipe. Logo, passou a ser engenheira de performance, onde também adaptava simuladores, os desenvolvendo tecnicamente.

Antes de se juntar à Fórmula 1, trabalhou em outras categorias, como o campeonato WEC de Endurance e o campeonato de turismo alemão DTM. Ao ser promovida para engenheira de corrida de Esteban Ocon, Laura agora se torna responsável por orientar o piloto em relação ao ritmo do carro durante as provas, traçar as melhores estratégias para as paradas e resolver como seguir diante de acidentes em corridas e mudanças climáticas.
Ayao Komatsu, chefe de equipe da Haas, entende essa promoção como um marco significativo para a categoria, mas garante que a posição da engenheira é relacionada ao seu mérito e não simplesmente por causa do seu gênero: “Quando ela vê um problema, ela vai fundo e não para na primeira resposta. Algumas pessoas, quando encontram a primeira resposta, param de cavar e dizer ‘ótimo, encontrei a solução’. Mas não, ela sabe que existem novas perguntas a serem respondidas… Sua determinação é o que mais me impressiona. Ela ainda é muito jovem, precisa de orientação e apoio, mas com sua ética de trabalho, acredito que ela possa progredir muito rapidamente”.
Uma piloto nata
Dentro das pistas, a história feminina também é escrita diariamente - e Abbi Pulling é a prova viva disso -. Com apenas 21 anos, a britânica é a atual campeã da F1 Academy, categoria exclusivamente feminina, que busca maior visibilidade para jovens talentosas dentro do automobilismo.

Além de ter se consagrado campeã ao fim da temporada de 2024, Abbi também se tornou a piloto com maior número de vitórias na nova categoria. Os resultados? Sempre impressionantes. Não terminou uma das 14 corridas do calendário fora do pódio e somou como pior resultado da temporada um terceiro lugar. A soma de tudo isso fez com que a garota garantisse seu campeonato com três corridas de antecedência, durante a corrida 1 no Catar.
Como campeã, ela não continua competindo a categoria nessa temporada, mas seus caminhos já estão traçados: a piloto se desvincula da academia Alpine e segue com contrato assinado para o campeonato de monopostos britânico GB3, onde vai continuar representando a Rodin Motorsport - e com certeza atraindo olhares para seu desempenho e resultados -.
A sucessora
Na Fórmula 1, a Williams é uma das equipes mais lendárias da história. Fundada em 1966 por Frank Williams e Patrick Head, se tornou rapidamente uma potência no esporte - somando nove títulos de construtores e sete de pilotos -. A gestão, que antes ficava nas mãos de Frank, introduziu alguém que carregava peso e tradição no nome e que, anos depois, se tornaria uma das poucas mulheres a liderar uma equipe de F1.

Claire Williams se formou em política, e desde cedo esteve envolvida com o automobilismo, por ter um pai fundador de escuderia. Se juntou a Williams em 2002, como Assessora de Imprensa na corrida de Silverstone. A partir dali, traçou seu caminho em cargos estratégicos até se tornar Diretora Comercial em 2012. Em 2013 ela assumiu oficialmente a vice-chefia da equipe, quando Sir Frank Williams começou a se afastar da gestão diária. Apesar de Frank ainda ser considerado chefe nominal, era ela que estava no controle das operações diretas do time na Fórmula 1.
Durante sua gestão, Claire levou a equipe a um período de renascimento competitivo. Em 2014 e 2015, a Williams terminou o campeonato em 3º lugar no Campeonato de Construtores - melhor resultado desde 2003 -. Mas com a chegada da era híbrida, a equipe passou por dificuldades financeiras e técnicas e o último período da sua gestão foi marcado por uma queda gradual de desempenho. Claire deixou o cargo em 2020, quando a família Williams vendeu a equipe para o grupo Dorilton Capital. Claire assumiu uma responsabilidade rara para mulheres dentro do automobilismo: o comando de uma equipe.
Apesar do ambiente predominantemente masculino, ela disse que sempre foi tratada com respeito: “Nunca senti que fui tratada injustamente. Fui tratada de forma diferente porque eu era mulher e era incomum uma mulher comandar um time. Mas não acho que fui tratada injustamente. Eu nunca diria que fui tratada negativamente porque eu absolutamente não fui.”
Claire também se tornou uma voz ativa pela diversidade e inclusão na F1. Foi sob sua gestão que Susie Wolff teve a oportunidade de se tornar a primeira mulher a participar de um fim de semana de corrida na Fórmula 1 desde 1992. Hoje, mesmo longe das pistas, Claire volta ao cenário do automobilismo na temporada mais recente de Drive to Survive, como comentarista da categoria e administradora do seu próprio negócio de consultoria, onde ajuda marcas a entrarem na Fórmula 1.
“Fazer parte do Drive to Survive me permitiu manter uma conexão, mas uma onde estou distante. Meu tempo na F1 acabou. Eu corri na Williams – essa era minha família e a equipe do meu pai. Essa era acabou.” Com uma gestão marcada por altos e baixos, ainda hoje seus grandes feitos são lembrados na história da Williams Racing, que não pode ser contada sem o nome Claire Williams
Ladies and gentlemen: Her
Ela está no mundo do automobilismo há mais de vinte anos e é reconhecida antes mesmo de estar ao lado de Toto Wolff. Suzanne Stoddart (nome em que levava antes de se casar com o chefe da Mercedes em 2011) iniciou sua trajetória no kart e passou pelas categorias de base do automobilismo britânico até chegar em uma participação de destaque no DTM (Campeonato Alemão de Turismo), onde competiu de 2006 a 2012.

O ano de 2012 foi um marco na carreira ao ser contratada pela Williams Racing como piloto de desenvolvimento na Fórmula 1. Dois anos depois, em 2014, ela fez história: aos 22 anos, tornou-se a primeira mulher em mais de duas décadas a participar de uma sessão oficial de F1, pilotando nos treinos livres dos Grandes Prêmios da Inglaterra e da Alemanha.
Susie não chegou a disputar corridas na categoria e fez a escolha de deixar a equipe no final de 2015, ano em que encerrou a carreira como piloto para assumir cargos administrativos no automobilismo. Como parte do seu interesse em ampliar a presença feminina, em 2016 ela lançou o Dare To Be Different, uma iniciativa que busca inspirar e incentivar mulheres a explorarem suas habilidades em todas as áreas do automobilismo.
Tamanho foi seu envolvimento que no ano seguinte, em 2017, o trabalho de Susie fez com que fosse condecorada com o título de MBE (Member of the Most Excellent Order of the British Empire), uma honraria concedida a indivíduos que contribuem de forma significativa para suas comunidades. O prêmio, a terceira ordem mais elevada do Império Britânico, reconheceu seus esforços em promover a igualdade de gênero no esporte.
Em 2018, Susie assumiu o cargo de chefe da Venturi Racing, equipe da Fórmula E, onde permaneceu até 2021. Mais recentemente, em 2023, ela foi nomeada diretora-geral da F1 Academy, uma categoria criada exclusivamente para promover a participação de mulheres no automobilismo. Até hoje, Susie segue à frente desse projeto, consolidando-se como uma das vozes mais influentes na luta por maior diversidade e inclusão no automobilismo mundial.
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