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Foto do escritorMonique Mavillyn

A marca de cigarros que fez milhões na Fórmula 1

Malboro se inseriu em um ambiente onde a adrenalina e o risco são constantes para promover seus produtos patrocinando as escuderias mais famosas da categoria

Malboro F1
Gilles Villeneuve - Reprodução|Reddit

Nos anos 70 e até antes, fumar era mais um comportamento que estava associado a uma ideia de poder e status. As propagandas exploravam isso com maestria, mostrando homens e mulheres glamourosos, sempre com um cigarro nos lábios, como se aquele ato os tornasse automaticamente mais atraentes. Era a época em que o cigarro era visto como um acessório de elegância, um símbolo de quem vive a vida intensamente.


James Hunt, por exemplo, era a personificação da ousadia e do glamour. Sempre com um cigarro na mão, ele projetava uma imagem de confiança e ousadia.

James Hunt
James Hunt no GP de Monaco em 1976

Por muitos anos a Fórmula 1 teve relações estreitas com a indústria tabagista. A Marlboro é uma das marcas que, desde sua entrada na categoria em 1972, rapidamente se tornou uma das mais icônicas do automobilismo, unindo-se a equipes lendárias como McLaren e Ferrari. A marca tornou-se um ícone ao estar presente em capacetes, carros e macacões.


Entre as décadas de 1970 e 1990, a Marlboro fez uma parceria valiosa com a McLaren, ajudando a consagrar pilotos como Niki Lauda, Alain Prost, James Hunt e Ayrton Senna como campeões mundiais. Essa associação elevou a McLaren a novos patamares de sucesso, e também solidificou a imagem da Marlboro na categoria.

Na Ferrari, a parceria atingiu o ápice entre 2000 e 2004, durante a era de Michael Schumacher.

Contudo, com o aumento das restrições à publicidade de tabaco a partir de 2005, a Marlboro enfrentou um dilema: como continuar seu patrocínio em um ambiente onde não poderia promover sua marca sem precisar se esconder? Fora que, em 2007, a FIA decidiu proibir essas publicidades permanentemente, seguindo a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre os danos do tabaco à saúde.


Com isso, a Marlboro começou a usar imagens "disfarçadas", códigos de barras e, em 2018, trouxe o projeto "Mission Winnow", que estava marcado nos aerofólios traseiro e dianteiro, laterais, halo e espelhos retrovisores dos dois monopostos pilotados por Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen. Essa ação da Marlboro não deixava claro se estava vinculado ao tabaco ou a uma iniciativa de diálogo sobre progresso humano, que visava substituir os cigarros por produtos livres de fumaça. O logotipo da Mission Winnow, que apresentava um “M” semelhante ao da Marlboro, chamou a atenção da FIA. A Ferrari, por sua vez, passou a ser chamada “Scuderia Ferrari Mission Winnow”. No entanto, a medida levou à remoção da publicidade em 11 dos 21 Grandes Prêmios do ano seguinte, devido às leis que proíbem a propaganda de cigarros em vários países.

Mission Winnow e
Mission Winnow estampava a Scuderia Ferrari

Após um prolongado jogo entre gato e rato, a Philip Morris finalmente saiu do quadro de patrocinadores da Ferrari, cedendo espaço ao Banco Santander. Em 2021, a saída da Marlboro da Fórmula 1 significou o fim de uma era que durou 50 anos. A decisão deixou a Ferrari sem um patrocínio estimado em US$ 70 milhões por ano, marcando um momento de transição para a equipe e para a própria categoria.

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